Caneta Esferográfica

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Todos os artefactos são produtos e vetores da ação humana. O que é cultura material, artefacto ou objecto é sempre repositório de um tipo específico de informação e conhecimento, de sentido histórico, social, cultural e humano.

 “Designed artifacts have as much agency as the animal that seemingly produced them. They transform the animal just as much as they are transformed by the animal.” (Colomina & Wigley).

Ora a caneta esferográfica, por exemplo, é um artefacto. Fabricada pelo homem, é composta por diversas matérias-primas — metal, plástico, pigmentos —, que articulados, lhe dão forma e funcionalidade — pela força da gravidade, descer a tinta, por um tubo, até a uma pequena esfera móvel, para que seja passível, de forma constante e uniforme, de rabiscar, registar escrever, desenhar, comunicar. Para além disto, podemos dizer que a caneta esferográfica, fruto da produção industrializada em massa, constitui-se como um ponto de viragem na comunicação em sociedade. Das suas propriedades, o ser humano evolui e ganhou novas capacidades, tal como argumentado por Colomina e Wigley.

(…) The human emerges in the redefinition of capacity provided by the artifacts. Artifacts are therefore never simply the representatives of human intentions and abilities. They are also openings, possibilities of something new in the human, even a new human.”

Não só deu significação à escrita e ao registo, como potencializou novas práticas, funções e formas de comunicação, numa sociedade fragmentada. Assim, para além de fornecer novas capacidades, a caneta é repositório das formas de funcionamento e organização da sociedade que a produziu e a utilizou.

Palavras-Chave para DALLE·E Open AI: Ballpoint pen, Human, Writing, Ink

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Uma resposta a “Caneta Esferográfica”

  1. Avatar de victoralmeidaecd

    Poderia ter investido pela importância da escrita. McLuhan no livro “A Galáxia de Gutenberg”, indica a existência de três galáxias/culturas: a cultura oral ou acústica das sociedades não alfabetizadas; a cultura tipográfica ou visual das sociedades alfabetizadas; e a cultura eletrónica. Depreende-se que cada uma destas galáxias corresponde a um modo de pensar e de atuar do humano. Olga Pombo afirma em oposição à cultura da oralidade, que «a palavra escrita, ao privilegiar um sentido único, a vista, reduz a capacidade expressiva e comunicativa da experiência subjectiva do mundo, da sua densidade e pluri-dimensionalidade. Composta por elementos móveis, a escrita determina uma consciência linear, um método de segmentação homogénea, um processo de fragmentação das tarefas cognitivas, um modo de vida repetitivo e uniformizante entre indivíduos singulares».

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